O traço selvagem de Joe Kubert

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Tarzan
, de Edgar Rice Burroughs, teve sorte em suas adaptações para os quadrinhos. O icônico personagem quase sempre foi desenhado por artistas talentosos, como Russ Manning, John Celardo, Bob Lubbers e até Gray Morrow, só para citar alguns dos nomes que continuaram a desenvolver a mitológica figura do homem das selvas até a década de 1970. Mas em Tarzan, Joe Kubert1972, quando a National Periodical Publications (atual DC Comics) adquiriu os direitos para publicar as revistas com as aventuras do herói, Tarzan voltou ao patamar de excelência de seus lendários desenhistas iniciais, Hal Foster e Burne Hogarth.

Foi assim: Carmine Infantino, exímio desenhista e então diretor editorial da DC, chama Joe Kubert, outro lendário mestre dos pincéis, para uma reunião. Quando se encontram, Carmine, sorrindo, pergunta: “Joe, o que você acha de fazer Tarzan?”. Quem conta essa história é o próprio Kubert no texto de introdução do livro Tarzan – A Origem do Homem-Macaco e Outras Histórias, lançado pela Devir. E ele explica: “Carmine e eu nos conhecíamos desde que entramos nesse negócio. Se havia alguém que sabia do meu amor por Tarzan de Burroughs, esse alguém era ele”. E isso fica absolutamente claro em todas as histórias desenhadas e escritas pelo artista. Joe Kubert tinha uma verdadeira devoção pelo Homem-Macaco desde a época em que Foster era seu desenhista.

Tarzan, de Burne Hogarth“Naqueles desenhos belissimamente representados, mas enganosamente simples, Tarzan, o Homem-Macaco, tornara-se uma entidade viva. As figuras eram reais e intensas. E a credibilidade dos personagens e cenários transportavam um garoto morando (…) em Nova York para o misterioso mundo verdejante e vibrante da selva africana”, escreve Kubert, concluindo que “a habilidade com que Hal Foster conseguia criar aquela sensação de total realismo e credibilidade era mágica”. (ilustração ao lado)

Ao receber a incumbência de Infantino, Kubert não decepcionou. Autor de histórias repletas de emoções e traços fortes, como Sargento Rock, ou super-heróis que fugiam do padrão da época, como Gavião Negro, Kubert devolveu a Tarzan a grandiosidade do trznlutathpersonagem de Burroughs. Num trabalho de fôlego e de grande respeito pelo autor e pelo personagem, o desenhista releu todos os livros que Burroughs escreveu e estudou o material produzido por Hal Foster e Burne Hogarth nas décadas de 1920 e 30. O resultado é um conjunto de histórias que recriam o mito do herói das selvas como há muito tempo não se via nos quadrinhos. Desde a fidelidade de adaptação dos livros de Burroughs aos seus traços viscerais e modernos, Joe Kubert construiu um modelo épico para a história do Rei das Selvas dentro das histórias em quadrinhos. 

Há alguns anos, a Devir compilou essas aventuras em três álbuns fundamentais para quem ama os quadrinhos: Tarzan – A Origem do Homem-Macaco, Tarzan – A Volta do Rei das Selvas (ambos já esgotados) e Tarzan – O Homem-Leão e Outras Histórias. Eles resgatam um material precioso que já havia sido publicado pela primeira vez no Brasil pela Editora Brasil-América, de Adolfo Aizen, na Coleção Lança de Ouro – revista que publicou mensalmente, de dezembro de 1972 a novembro de 1974. A Ebal reuniu também parte desse material em dois álbuns de luxo, num formato um pouco maior do que os da Devir (abaixo à direita o primeiro: A Origem de Tarzan).

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Já, o primeiro álbum da Devir (acima à esquerda) traz a aventura Terra de Gigantes, na qual Kubert recria a história a partir dos desenhos de Burne Hogarth, resultando num trabalho atraente para estudiosos dos quadrinhos. Há também as quatro histórias que compõem a adaptação do primeiro livro de Burroughs sobre o personagem – Tarzan dos Macacos – além de outras três aventuras curtas. Lançado originalmente pela Dark Horse nos Estados Unidos, esses três álbuns são o resultado concreto da grande homenagem que Joe Kubert, respeitosamente, fez ao criador e seu herói mais famoso.

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As imagens acima foram extraídas do primeiro volume, lançado pela Devir.

Abaixo, duas imagens extraídas do álbum A Origem de Tarzan, lançado pela Ebal.origtrzn-lancnt
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Livro traz de volta O Judoka pelo seu maior artista!

O resgate das histórias geniais criadas e desenhadas por FHAF, perdidas desde os anos 70, está no Catarse.

Os fãs do melhor quadrinho nacional e aqueles que acham importante o resgate dos clássicos da HQ nacional podem comemorar! Está no Catarse o livro O Judoka, por FHAF, que traz de volta a arte excepcional do roteirista e desenhista Floriano Hermeto de Almeida Filho para O Judoka, personagem publicado na revista de mesmo nome lançada pela Ebal em 1969.

No livro de 180 páginas, serão republicadas as cinco histórias clássicas de O Judoka desenhadas por FHAF, que foram lançadas originalmente entre maio de 1970 e abril de 1972. Além delas, a obra virá repleta de extras:
• Entrevista com Floriano Hermeto;
• Um panorama histórico e cultural da época;
• 15 páginas inéditas desenhadas por FHAF: seis páginas com uma nova aventura do Judoka que jamais foi publicada; além de duas páginas de Zorro (The Lone Ranger) e sete páginas de uma aventura com cangaceiros que estava sendo produzida para a Ebal.

Para sair do papel, esta obra histórica deve ser apoiada no Catarse a partir deste link: https://www.catarse.me/judokaporfhaf

Um pouco de História

Em maio de 1970 foi lançada a sétima aventura em quadrinhos de um personagem que marcou época e a infância de milhares de fãs dos quadrinhos nacionais: chegava às bancas a aventura “A Caçada”, de O Judoka, Um Herói Brasileiro, personagem publicado mensalmente pela revista de mesmo nome, lançada pela Editora Brasil-América (Ebal). Era a primeira história escrita e desenhada por um desenhista desconhecido até então: Floriano Hermeto de Almeida Filho, que assinava como FHAF.

Ao imprimir ao personagem agilidade cinematográfica e enquadramentos inusitados dignos dos grandes mestres do desenho, seu trabalho causou frisson no mercado nacional e chamou a atenção da crítica especializada da época e de estudiosos dos Quadrinhos como Álvaro de Moya e Moacy Cirne.

Em resenha publicada na cultuada Revista de Cultura Vozes, Cirne considerou a história de estréia de FHAF em O Judoka como a Melhor História do Ano. E olha que Floriano Hermeto concorreu com gigantes dos quadrinhos, como Mauricio de Sousa, que ficou com o 2º lugar com a história O Astronauta e o Mundo do Sonho, Esteban Maroto, em 3º lugar, com Cinco Por Infinitus – A Formação da Equipe, e Jack Kirby e Stan Lee, em 7º lugar com O Planeta Vivo, uma história do Thor.

Álvaro de Moya levou os desenhos de FHAF para uma exposição no badalado Congresso Internacional de Quadrinhos de Lucca, na Itália, em 1971.

O fato é que, nos seis números anteriores, dois ótimos desenhistas se revezaram para dar forma ao personagem: Eduardo Baron e Mario Lima. Mas foi Floriano Hermeto que realizou mudanças importantes no personagem, dando consistência ao roteiro, além de fazer uma brilhante releitura da estrutura visual de suas histórias. Com o seu traço arrojado e inovador, que lembrava o estilo moderno de desenhistas internacionais como Jim Steranko, Guido Crepax e Esteban Maroto, O Judoka alcançou um patamar jamais imaginado pela Ebal.

A revista do Judoka foi um sucesso de vendas e o personagem chegou às telas do cinema num filme estrelado pelo modelo Pedro Aguinaga e a atriz Elizângela. Publicada até julho de 1973 muitos outros artistas assumiram a responsabilidade de traçar novas aventuras. Foram 46 histórias ao todo e quase uma dezena de desenhistas. Mas ninguém alcançou a qualidade gráfica que FHAF deu ao personagem em suas cinco histórias.

Engenheiro Civil Sanitarista, Floriano trabalhava na construção do Metrô carioca nessa época. Desenhou por prazer. Queria fazer quadrinhos no Brasil, mas um emprego que lhe dava segurança econômica falou mais alto. Seu estilo entrou para a História dos quadrinhos no Brasil e precisa ser resgatado. O livro O Judoka, por FHAF, que está em campanha no Catarse, site de financiamento coletivo, faz justiça a esse desenhista e roteirista ímpar. Colabore com o projeto e garanta já o seu exemplar histórico visitando esta página no Catarse:  www.catarse.me/judokaporfhaf

O Judoka, de Mario Lima

Mario Lima foi o segundo desenhista das histórias de O Judoka, personagem criado por Pedro Anísio para a Ebal, cuja primeira história – O Shiram Mágico – teve o traço simples e inconfundível de Eduardo Baron.

O Judoka, desenho de Mário Lima

Mario também foi o desenhista que produziu mais histórias para o famoso super-herói brasileiro: 12 no total. Sua estreia aconteceu na aventura A Quadrilha de Mulheres, publicada logo na segunda edição com o personagem brasileiro, O Judoka #8. Em seguida, ele desenhou as histórias publicadas nos números 10, 11, 12, 13, 15, 18, 19, 21, 22, 25 e 51.

A imagem acima, desenhada por Mario Lima, é um detalhe da capa da revista O Judoka #10, publicada em janeiro de 1970. Abaixo, mais dois desenhos dele: a capa de O Judoka #18 e uma Galeria dos Heróis, com o casal de Judokas, publicada na revista O Judoka #52.

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Um super-herói brasileiro

A primeira aparição do herói brasileiro O Judoka aconteceu na revista de mesmo nome, lançada pela Ebal em outubro de 1969. Na realidade, era a sétima edição dessa publicação, que nas primeiras seis edições teve como personagem principal, Judô Master, um herói americano criado por Joe Gill e Frank McLaughlin para a Charlton Comics.

A seguir transcrevo o texto de apresentação do personagem brasileiro, que foi publicado na página 2 da revista:

“Quando resolvemos lançar um novo personagem, pedimos ajuda ao Pedro Anísio. Para quem não sabe, o Pedro já trabalhava conosco, desde longínquas e priscas eras – vem desde os tempos do Suplemento Juvenil, quando, ainda ajudante de tipógrafo, escrevia reportagens, contos e crônicas. depois, passou-se para as Rádios Tupi e Nacional, onde, durante anos a fio escreveu novelas. Ele, Ghiaroni O Judoka, por Eduardo Barone Hélio do Soveral foram, por mais de trinta anos, criadores de milhares de novelas radiofônicas. E os três fazem parte daquela geração do Suplemento Juvenil. Pois bem, foi ao Pedro Anísio, autor de muitas histórias escritas especialmente para a Ebal (Pedro Álvares Cabral, A Independência do Brasil, A Libertação dos Escravos, A História do Petróleo – uma publicada, outras por publicar), foi a ele que pedimos a “bolação” dos textos e situações do nosso novo herói – O Judoka. E o Pedro, como sempre, desincumbiu-se maravilhosamente. O homem é, mesmo, um dos grandes ficcionistas desta terra.

Os desenhos deste primeiro número foram feitos pelo Eduardo Baron, jovem artista de 22 anos, do nosso estafe de desenhistas, que se desincumbiu a contento. Vejam só que traço e que soluções ótimas ele teve. O Eduardo vai longe.”

A capa dessa revista ficou a cargo do talentoso Monteiro Filho, grande desenhista que trabalhava com Adolfo Aizen (dono da Ebal) desde a época do Suplemento Juvenil.

Abaixo, uma montagem a cores com o desenho do Eduardo Baron que pode até ser usado como papel de parede em seu computador. Todos os desenhos que ilustram este texto, podem ser baixados em ótima resolução.

O deus do trovão: um super-herói Shell


O Poderoso Thor
foi um dos cinco Super-heróis Shell lançados em 1967 pela Ebal, e foi o único que estreou sozinho numa revista chamada de Álbum Gigante (acima o número promocional). Os outros quatro foram Capitão América e Homem de Ferro, que dividiam suas aventuras na revista O Capitão Z, e O Incrível Hulk e Príncipe Submarino, que chegaram na revista Superxis
Mas Thor tinha algo de nobre. Afinal, é um Deus vindo de Asgard. E era desenhado pelo fabuloso Jack Kirby.

O texto de apresentação do personagem foi publicado tanto na edição promocional, número 0, quanto no primeiro número da revista, lançado pela Ebal em outubro de 1967, e começava assim:

Quando as nuvens tempestuosas se fizerem ouvir através de estrondosos trovões, prestem atenção! Quando raios riscarem os céus, com seu rastro luminoso, observem cuidadosamente! O senhor desses elementos pode estar por perto, com seu magnífico martelo Uru, pronto a servir à causa do Bem! Saúdem o Príncipe dos Raios, deus do Trovão… o Poderoso Thor! Ele é filho de Odin e habita em Asgard, moradia dos deuses nórdicos, e, para lá chegar, tem que passar pela imponente Ponte do Arco-Íris!

Os Super-heróis Shell foram lançados no Brasil como parte de uma supercampanha publicitária patrocinada pela multinacional de petróleo, que consistia na distribuição das revistas promocionais (todas numeradas de ‘zero’) nos postos Shell. A campanha fez um enorme sucesso na época, e colocou os cinco personagens da Marvel “na onda” (como dizia a gíria da época), ajudando a promover também os desenhos animados de Thor, Capitão América, Homem de Ferro, Hulk e Namor na televisão.
 
Essas animações são um caso à parte. Totalmente baseadas nos quadrinhos, elas eram quase sem movimentos, praticamente uma sequência de desenhos que pareciam ter sido retirados das revistas. O que dava um ar tosco, mas que se tornou cult justamente por manter o mesmo traço dos grandes desenhistas que ilustravam os heróis.

Os desenhos animados também tinham uma peculiaridade divertida: a abertura de cada série apresentava o super-herói com sua música exclusiva, que era uma espécie de hino heróico. As músicas desses “hinos” foram compostas por Jack Urbont e a versão da letra foi adaptada para o português por Abdon Torres, que foi diretor da Globo e integrou a primeira equipe da emissora, responsável pela sua implantação.

Essas músicas também ficaram famosas e suas letras foram publicadas nas primeiras edições das revistas da Ebal. A do Thor era assim:

Onde o arco-íris é ponte,
Onde vivem os imortais,
Do trovão é deus guarda-mor
O barra-limpa,
O grande Thor

Sobre a capa da edição número 0 de Álbum Gigante, com a estréia de Thor, há uma curiosidade muito interessante. O desenho que ilustra essa capa nunca foi publicado numa história do Thor! Aliás, nem o personagem que você vê é o Deus do Trovão! Na verdade, aquele é o Demolidor disfarçado de Thor! Parece maluquice, mas não é. A história se chama “Em luta com o Deus do Trovão”, foi desenhada pelo genial Gene Colan com arte-final de J. Tartaglione, e foi publicada no Brasil na página 7 da revista O Demolidor #29, de agosto/setembro de 1971.

E tem mais um detalhe importante nesse desenho: como Thor é destro, o Demolidor se esqueceu de segurar o martelo Mjölnir com a mão direita, confusão corrigida logo na página seguinte. Pois é… quem diria: o Demolidor foi o super-herói que inaugurou a revista do Thor no Brasil. Coisas da Ebal.

Nos Estados Unidos, Thor estreou em agosto de 1962 na revista Journey into Mystery #83 (acima) e a capa foi desenhada por Jack Kirby e Joe Sinnott.

Tor, uma odisséia pré-histórica

Tor, de Joe Kubert
Tor
é um personagem pouco conhecido de Joe Kubert: é um homem que vivia numa era pré-histórica bem estranha onde enfrentava inclusive dinossauros! Nos Estados Unidos chegou a ter um pequeno sucesso e foi publicado e republicado por diversas editoras, já que os direitos autorais do herói pertenciam a Kubert.

No Brasil foi um fracasso quando publicado pela Ebal, a partir de outubro de 1976, numa revista em formatinho que teve cinco edições. A ilustração acima é uma montagem com detalhes de dois desenhos publicados nos números 4 e 5 da revista.

O Gavião Negro, de Murphy Anderson


A imagem acima foi produzida a partir da capa da revista O Gavião Negro (Ai, Mocinho!), n°1, lançada pela Ebal em outubro de 1967. O responsável pela arte é o pioneiro Murphy Anderson, um dos mais importantes desenhistas dos comics americanos, que desenhou ou arte-finalizou outros grandes personagens da DC Comics, como Flash, Zatanna, Adam Strange, Super-Homem, Batman. A história, escrita por Gardner Fox, se chama Guerra Milenar (The Million-Year-Long War!). Nos Estados Unidos, essa história foi publicada em fevereiro de 1966 na revista Hawkman, n°12, editada por Julius Schwartz. Abaixo, a capa da revista da Ebal, que no próximo mês completa 45 anos de lançamento!

O Poderoso Thor, a honra e o amor


Um dos personagens mais marcantes criados pela trinca Jack Kirby, Stan Lee e seu irmão Larry Lieber, foi, em verdade, uma adaptação da lenda nórdica do deus do trovão para os quadrinhos. Thor, filho do todo poderoso Odin, tinha uma “identidade” terrestre em sua versão inicial da Marvel, com as características clássicas de um super-herói. O personagem estreou em 1962 na revista Journey Into Mystery, número 83 (abaixo).

Depois, o lendário Stan Lee, priorizou aventuras épicas mais condizentes a um altivo deus nórdico, deixando de lado, aos poucos, seu alter ego terrestre. E esta foi uma das fases mais empolgantes do personagem da Marvel, publicada no Brasil na revista A Maior, da Editora Brasil-América (Ebal) no início da década de 70. Na imagem acima aparecem o bravo guerreiro Balder, grande amigo de Thor, e a deusa Sif, num papel de parede que fiz sobre o desenho de abertura da aventura Batalha na Terra, publicada no número 8 dessa revista, lançada em janeiro de 1971. Os heróis enfrentam a grande ameaça dos Encantadores que ousaram atacar Asgard e a Terra (Midgard) .

O fator mais emblemático dessa série de aventuras produzidas por Stan Lee, Jack Kirby e Vince Colletta, trata da honra e do amor através do soberbo triângulo amoroso entre o deus do trovão, sua amada Sif e Balder. A lealdade de Balder ao grande amigo Thor não permitia que ele se declarasse à bela Sif, paixão do filho de Odin. A certa altura, nessa história, Balder suspira ao abraçar Sif, tentando acalmá-la e pensa: “Desperta em mim um sentimento que não ouso possuir… pois Thor é mais que um irmão para mim!”.

Para fazer o download do wallpaper acima, basta clicar nele. Para baixar todos os papéis de parede do Thor publicados neste blog, clique aqui. Para ler mais sobre o Thor na Wikipedia, clique aqui.

Álvaro de Moya e os 60 anos da exposição de 1951


Hoje é um grande dia para os quadrinhos mundiais! Faz 60 anos que cinco jovens artistas idealistas – Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado – criaram a Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos, cuja abertura aconteceu no dia 18 de junho de 1951 na sede do Centro de Cultura e Progresso, no Bom Retiro, em São Paulo. Segundo o jornal O Globo que circulou no dia da inauguração do evento, “a iniciativa não tem finalidade de lucro. A exposição tem caráter elucidativo, didático, técnico, artístico, guardando, porém, a devida acessibilidade ao público.” Jayme Cortez, um dos organizadores do evento, declarou ao jornalista Tito Silveira em matéria publicada na Tribuna da Imprensa – outro jornal carioca que cobriu o evento –, que eles querem “mostrar que as histórias em quadrinhos, quando bem executadas, são verdadeiras obras de arte, com a sua linguagem própria e em idade adulta.”

É bom que se diga que os quadrinhos naquela época eram combatidos ferozmente por “defensores da família e dos bons costumes”. As revistas em quadrinhos eram consideradas uma ameaça à juventude. Por isso a atitude desses cinco rapazes paulistas foi muito corajosa e exemplar. Em declaração na mesma matéria de O Globo, Álvaro de Moya explicou que se generalizou no Brasil, “onde ainda não apareceu um crítico sequer ou literato que entendesse, o péssimo costume daqueles que, no aparecimento das primeiras letras, no nascimento do cinema, etc, se revoltaram contra a juventude e procuraram cercá-la de adjetivos desairosos.”

Álvaro de Moya era desenhista na época. Foi chargista e ilustrador do jornal O Tempo, de São Paulo, a partir de julho de 1950 (o desenho acima foi publicado nesse jornal em 7 de dezembro de 1952). Participou também da inauguração da televisão no Brasil, pois foi o responsável pelos desenhos dos letreiros do programa de inauguração da TV Tupi, em 18 de setembro de 1950. Desenhou as adaptações para os quadrinhos de A Marcha, baseado na obra de Afonso Schmidt, para a revista Edição Maravilhosa, da Ebal, e Zumbi, sobre a vida do Rei dos Palmares.

Desenhou também Macbeth, de Shakespeare, para a revista Seleções de Terror, editada por Jayme Cortez. Abaixo, a primeira página da história e mais embaixo, um quadrinho de Macbeth no detalhe. A respeito dela, Moya sempre lembra que não foi ele quem fez toda a arte-final: “Jayme Cortez me ajudou a passar o pincel em vários quadrinhos”. E realmente dá para perceber o traço de seu grande amigo. Essa história está nos anais dos quadrinhos brasileiros porque juntou dois mestres: Álvaro de Moya e Jayme Cortez!

Depois os caminhos da vida levaram Moya para a televisão. Além de trabalhar na Tupi, inaugurou a Bandeirantes, foi diretor da Tv Excelsior. Mas nunca deixou de acompanhar sua verdadeira paixão de perto. Hoje, 60 anos depois dessa incrível aventura que aconteceu em 1951, ele guarda mais do que lembranças. Guarda orgulho de dizer: “Fomos os primeiros!”

Na foto do alto, Álvaro de Moya olha para vários originais grudados na parede. São páginas de A Marcha, a história em quadrinhos que ele desenhou para a revista Edição Maravilhosa, da Ebal. Lindos originais, por sinal. Em breve falaremos sobre eles!
Todas as imagens que ilustram este texto podem ser ampliadas. A foto, depois de ampliada, aparecerá em alta resolução.

Por onde andará Floriano Hermeto?

No final dos anos 60 e início da década de 70, Guido Crepax e outros grandes autores de quadrinhos europeus eram quase inacessíveis para nós que vivíamos nesta pátria amada, idolatrada, salve, salve. Acontecia uma renovação conceitual nos quadrinhos do velho mundo e aqui, em terras tupiniquins, quase nenhuma novidade. Os personagens da Disney, os super-heróis e alguns clássicos como Fantasma, Mandrake, Recruta Zero, Nick Holmes e Cavaleiro Negro ainda dominavam as vendas em bancas. Foi quando um artista brasileiro começou a desenhar as aventuras de um personagem muito diferente nas páginas de uma certa revista da Ebal totalmente criada no Brasil. Esse artista era Floriano Hermeto, que escreveu e desenhou pouquíssimas aventuras de O Judoka, um herói brasileiro (cinco histórias, para ser exato). Floriano Hermeto era um cultuador dos quadrinhos e introduziu a linguagem gráfica inovadora de artistas como Guido Crepax, Jim Steranko e, até, Esteban Maroto. Ele foi um artista impar. Além de O Judoka, FHAF, como assinava suas histórias, realizou alguns boletins e seções informativas sobre quadrinhos de grande importância. E depois de ele deixar as páginas das revistas da Ebal, por volta de 1973, nunca mais vimos nada dele. Por isso fica aqui a pergunta: por onde andará Floriano Hermeto?

A imagem de cima é um papel de parede produzido com desenhos de FHAF extraídos de duas histórias: Gigantes de Apuarema, publicada na revista O Judoka, de março de 1971, e Irma la Douce, publicada em junho de 1971. Clique aqui para baixar mais wallpapers sobre a Ebal.
(Com colaboração de Franco de Rosa)

Um pistoleiro chamado Jonah Hex

Detalhe da capa Jonah Hex #23, de Luís Dominguez - CLIQUE AQUI PARA FAZER O DOWNLOAD DESTE WALLPAPER
Ele foi criado pelo escritor John Albano e o excelente desenhista Tony de Zuñiga. Em suas primeiras histórias seu rosto mal aparecia no início da trama pois ele tinha uma grande cicatriz do lado direito do seu rosto e isso o tornava um personagem misterioso que assustava quem cruzava o caminho do pistoleiro. Jonah Hex vagava pelo Velho Oeste acompanhado de um fiel lobo chamado Mandíbula de Ferro. Mas o bichano morreu logo nas primeiras histórias. Sombrio, violento, justiceiro, Jonah Hex tinha um nome temido pelos bandidos. E agora vai virar filme pelas mãos do diretor Jimmy Hayward.

As duas imagens que ilustram este texto são papéis de parede que podem ser baixados para seu computador. O wallpaper de cima é um detalhe da capa da revista Jonah Hex n°23, de abril de 1979 e foi desenhada por Luís Rodriguez. A edição trazia a história The Massacre of the Celestials! que foi escrita por Michael Fleisher com desenhos de Dick Ayers (lápis) e Romeo Tanghal (arte-final). Este de baixo é uma remontagem de um quadrinho da história O Serviço de Cem Dólares (The Hundred Dollar Deal), escrita por John Albano e desenhada por Tony de Zuñiga. Esta é a segunda aventura de Jonah Hex e foi publicada originalmente na revista All-Star Western, n°11, de maio de 1970. No Brasil ela foi publicada pela Ebal na revista Reis do Faroeste em Cores, n°10, de julho-agosto de 1973.
CLIQUE AQUI PARA FAZER O DOWNLOAD DESTE WALLPAPER

Surge o Justiceiro!

Justiceiro X Homem-Aranha - Clique aqui para fazer o DOWNLOAD DESTE WALLPAPER
Conforme prometi a um leitor deste blog que postou um comentário aqui, publico dois papéis de parede do Justiceiro (Punisher), o controvertido personagem da Marvel que apareceu pela primeira vez na revista Amazing Spider-Man, número 129, publicada nos Justiceiro/Punisher - Clique aqui para fazer o DOWNLOAD DESTE WALLPAPEREstados Unidos em fevereiro de 1974. Optei por publicar, primeiramente, papéis de parede com imagens dessa clássica história que foi desenhada por Ross Andru e arte-finalizada por Frank Giacoia e D.Hunt. Em breve publicarei outros papéis de parede com desenhos mais atuais do vigilante. Para ler mais detalhes da história do primeiro confronto entre o Homem-Aranha e o Justiceiro e uma curiosidade sobre a aparição do personagem no Brasil, clique aqui.

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O Homem-Aranha chega ao Brasil

Homem-Aranha 1 - Ebal - Clique para ampliar
Em abril de 1969, a editora Brasil-América lançava a revista em quadrinhos de um personagem que iria marcar gerações: o Homem-Aranha. O adolescente tímido, sem recursos financeiros e com superpoderes já era um sucesso nos Estados Unidos e estreava no Brasil dois anos depois dos primeiros personagens da Marvel chegarem por aqui. O texto que apresentava o personagem aos leitores, publicado na contracapa da revista, era bastante formal (como de costume), e a tia do personagem foi rebatizada como “Tia Maria”, como pode-se ver nos seguintes trechos selecionados:

“Peter Parker era apenas um recém-nascido quando perdeu os pais. Seus tios Ben e Maria o adotaram , dispensando-lhe todos os cuidados para torná-lo feliz e bem formado. Quando Peter concluiu os preparatórios, ingressou na universidade, pensando em tornar-se um cientista. (…) Certa vez, algumas aranhas sob contaminação radiativa escaparam do laboratório da universidade. Antes que todos os aracnídeos fossem recolhidos ou destruídos, um deles picou a mão de Peter, que chegou a se julgar irremediavelmente perdido.

Mas, com o passar dos dias, o jovem nada sentiu de extraordinário. (…) Então começou a perceber que algo fenomenal estava se passando com ele. Suas mãos pareciam ter adquirido uma estranha aderência às superfícies lisas, permitindo-lhe até escalar paredes verticais. (…) Era como se fosse uma aranha humana, com todos os poderes de um verdadeiro aracnídeo. Nesse estado, Peter possuia a força descomunal de um inseto, proporcionalmente ao seu tamanho. Além disso, podia lançar teias ou atirar-se de grandes alturas, caindo incólume.

Quando Tio Ben foi morto por um assaltante que invadiu a casa para roubar, Peter e Tia Maria ficaram sós e sem meios de subsistência. Então, o jovem imaginou exibir-se nos palcos para ganhar dinheiro honestamente.

Mais tarde, revoltado com a crescente onda de crimes que varria a cidade, e também porque Tio Ben fora vítima de um criminoso, Peter Parker enveredou na luta contra os malfeitores. Assim, imaginou um traje que passou a usar sob as vestes, adotando o cognome de O Homem-Aranha. Sob essa identidade, tornou-se temido. Inúmeras vezes, O Homem-Aranha tem colaborado com as autoridades, salvando vidas em perigo, lutando contra o submundo do crime ou usando sempre seus poderes para o Bem.”

A imagem do alto é um papel de parede que fiz com o desenho de abertura da primeira história publicada na revista O Homem-Aranha nº1, cuja reprodução da capa  aparece no detalhe. Para baixar este wallpaper, basta clicar nele. Para baixar fotos do filme do Homem-Aranha, clique aqui.

Cheyenne, um dos Reis do faroeste

Cheyenne - Clique para baixar este wallpaper
A imagem acima é um papel de parede que fiz a partir de um desenho retirado da história A Oeste do Rio, publicada no primeiro número da revista Reis do Faroeste, 3ª série, publicada em janeiro de 1970 pela Editora Brasil-América (Ebal ), que na época comemorava 25 anos de existência. A publicação trazia as aventuras de Cheyenne, um cowboy interpretado por Clint Walker na série de TV de mesmo nome (lançada nos Estados Unidos em setembro de 1955). O personagem permaneceu na revista até a edição número 25, publicada em janeiro de 1972.
Para ler mais sobre Cheyenne e os Reis do Faroeste, clique aqui. Para iniciar o download do papel de parede acima, basta clicar nele.

Nada detém o Homem-Areia

Homem-Aranha X Homem-AreiaSpider-man Colection foi uma série de 16 álbuns do Homem-Aranha, impressos em preto e branco, que a Editora Abril Jovem lançou no decorrer de 97/98. Cada edição era acompanhada de um vídeo com dois episódios do popular desenho animado do Homem-Aranha exibido pelo canal pago Fox Kids. Essa coleção corrigiu, quase 30 anos depois do lançamento de sua revista no Brasil, algumas pequenos deslizes que a Ebal cometeu com o personagem, e por conseguinte, com seu leitores. A primeira delas é que as aventuras do cabeça de teia foram publicadas em ordem cronológica, desde a primeira aventura que conta a origem do personagem, publicada nos EUA em Amazing Fantasy nº15, de 1962; até a aventura Morte Sem Avisos (Death Without Warming), publicada originalmente em Amazing Spider-man nº 75.

Outra virtude da coleção é que, pela primeira vez, algumas páginas das histórias do personagem foram publicadas, como por exemplo, a da abertura do primeiro confronto do Aranha com o Dr. Octopus (O Homem-Aranha nº3, de junho de 1969) que apesar de ser a principal da edição, saiu sem a tradicional página de abertura. E mais: a Ebal dividiu a aventura Nada Detém o Homem-Areia, que mostra o primeiro embate entre os dois personagens, em três partes publicadas a partir daClique nas imagens para baixar os papeis de parede edição de lançamento da revista O Homem-Aranha, em abril 1969.

As imagens que ilustram este texto são papéis de parede feitos a partir da página de abertura dessa história.

Como sempre, para baixar qualquer um desses papéis, basta clicar nas imagens para ampliá-las.