Livro traz de volta O Judoka pelo seu maior artista!

O resgate das histórias geniais criadas e desenhadas por FHAF, perdidas desde os anos 70, está no Catarse.

Os fãs do melhor quadrinho nacional e aqueles que acham importante o resgate dos clássicos da HQ nacional podem comemorar! Está no Catarse o livro O Judoka, por FHAF, que traz de volta a arte excepcional do roteirista e desenhista Floriano Hermeto de Almeida Filho para O Judoka, personagem publicado na revista de mesmo nome lançada pela Ebal em 1969.

No livro de 180 páginas, serão republicadas as cinco histórias clássicas de O Judoka desenhadas por FHAF, que foram lançadas originalmente entre maio de 1970 e abril de 1972. Além delas, a obra virá repleta de extras:
• Entrevista com Floriano Hermeto;
• Um panorama histórico e cultural da época;
• 15 páginas inéditas desenhadas por FHAF: seis páginas com uma nova aventura do Judoka que jamais foi publicada; além de duas páginas de Zorro (The Lone Ranger) e sete páginas de uma aventura com cangaceiros que estava sendo produzida para a Ebal.

Para sair do papel, esta obra histórica deve ser apoiada no Catarse a partir deste link: https://www.catarse.me/judokaporfhaf

Um pouco de História

Em maio de 1970 foi lançada a sétima aventura em quadrinhos de um personagem que marcou época e a infância de milhares de fãs dos quadrinhos nacionais: chegava às bancas a aventura “A Caçada”, de O Judoka, Um Herói Brasileiro, personagem publicado mensalmente pela revista de mesmo nome, lançada pela Editora Brasil-América (Ebal). Era a primeira história escrita e desenhada por um desenhista desconhecido até então: Floriano Hermeto de Almeida Filho, que assinava como FHAF.

Ao imprimir ao personagem agilidade cinematográfica e enquadramentos inusitados dignos dos grandes mestres do desenho, seu trabalho causou frisson no mercado nacional e chamou a atenção da crítica especializada da época e de estudiosos dos Quadrinhos como Álvaro de Moya e Moacy Cirne.

Em resenha publicada na cultuada Revista de Cultura Vozes, Cirne considerou a história de estréia de FHAF em O Judoka como a Melhor História do Ano. E olha que Floriano Hermeto concorreu com gigantes dos quadrinhos, como Mauricio de Sousa, que ficou com o 2º lugar com a história O Astronauta e o Mundo do Sonho, Esteban Maroto, em 3º lugar, com Cinco Por Infinitus – A Formação da Equipe, e Jack Kirby e Stan Lee, em 7º lugar com O Planeta Vivo, uma história do Thor.

Álvaro de Moya levou os desenhos de FHAF para uma exposição no badalado Congresso Internacional de Quadrinhos de Lucca, na Itália, em 1971.

O fato é que, nos seis números anteriores, dois ótimos desenhistas se revezaram para dar forma ao personagem: Eduardo Baron e Mario Lima. Mas foi Floriano Hermeto que realizou mudanças importantes no personagem, dando consistência ao roteiro, além de fazer uma brilhante releitura da estrutura visual de suas histórias. Com o seu traço arrojado e inovador, que lembrava o estilo moderno de desenhistas internacionais como Jim Steranko, Guido Crepax e Esteban Maroto, O Judoka alcançou um patamar jamais imaginado pela Ebal.

A revista do Judoka foi um sucesso de vendas e o personagem chegou às telas do cinema num filme estrelado pelo modelo Pedro Aguinaga e a atriz Elizângela. Publicada até julho de 1973 muitos outros artistas assumiram a responsabilidade de traçar novas aventuras. Foram 46 histórias ao todo e quase uma dezena de desenhistas. Mas ninguém alcançou a qualidade gráfica que FHAF deu ao personagem em suas cinco histórias.

Engenheiro Civil Sanitarista, Floriano trabalhava na construção do Metrô carioca nessa época. Desenhou por prazer. Queria fazer quadrinhos no Brasil, mas um emprego que lhe dava segurança econômica falou mais alto. Seu estilo entrou para a História dos quadrinhos no Brasil e precisa ser resgatado. O livro O Judoka, por FHAF, que está em campanha no Catarse, site de financiamento coletivo, faz justiça a esse desenhista e roteirista ímpar. Colabore com o projeto e garanta já o seu exemplar histórico visitando esta página no Catarse:  www.catarse.me/judokaporfhaf

O Judoka, de Mario Lima

Mario Lima foi o segundo desenhista das histórias de O Judoka, personagem criado por Pedro Anísio para a Ebal, cuja primeira história – O Shiram Mágico – teve o traço simples e inconfundível de Eduardo Baron.

O Judoka, desenho de Mário Lima

Mario também foi o desenhista que produziu mais histórias para o famoso super-herói brasileiro: 12 no total. Sua estreia aconteceu na aventura A Quadrilha de Mulheres, publicada logo na segunda edição com o personagem brasileiro, O Judoka #8. Em seguida, ele desenhou as histórias publicadas nos números 10, 11, 12, 13, 15, 18, 19, 21, 22, 25 e 51.

A imagem acima, desenhada por Mario Lima, é um detalhe da capa da revista O Judoka #10, publicada em janeiro de 1970. Abaixo, mais dois desenhos dele: a capa de O Judoka #18 e uma Galeria dos Heróis, com o casal de Judokas, publicada na revista O Judoka #52.

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Um super-herói brasileiro

A primeira aparição do herói brasileiro O Judoka aconteceu na revista de mesmo nome, lançada pela Ebal em outubro de 1969. Na realidade, era a sétima edição dessa publicação, que nas primeiras seis edições teve como personagem principal, Judô Master, um herói americano criado por Joe Gill e Frank McLaughlin para a Charlton Comics.

A seguir transcrevo o texto de apresentação do personagem brasileiro, que foi publicado na página 2 da revista:

“Quando resolvemos lançar um novo personagem, pedimos ajuda ao Pedro Anísio. Para quem não sabe, o Pedro já trabalhava conosco, desde longínquas e priscas eras – vem desde os tempos do Suplemento Juvenil, quando, ainda ajudante de tipógrafo, escrevia reportagens, contos e crônicas. depois, passou-se para as Rádios Tupi e Nacional, onde, durante anos a fio escreveu novelas. Ele, Ghiaroni O Judoka, por Eduardo Barone Hélio do Soveral foram, por mais de trinta anos, criadores de milhares de novelas radiofônicas. E os três fazem parte daquela geração do Suplemento Juvenil. Pois bem, foi ao Pedro Anísio, autor de muitas histórias escritas especialmente para a Ebal (Pedro Álvares Cabral, A Independência do Brasil, A Libertação dos Escravos, A História do Petróleo – uma publicada, outras por publicar), foi a ele que pedimos a “bolação” dos textos e situações do nosso novo herói – O Judoka. E o Pedro, como sempre, desincumbiu-se maravilhosamente. O homem é, mesmo, um dos grandes ficcionistas desta terra.

Os desenhos deste primeiro número foram feitos pelo Eduardo Baron, jovem artista de 22 anos, do nosso estafe de desenhistas, que se desincumbiu a contento. Vejam só que traço e que soluções ótimas ele teve. O Eduardo vai longe.”

A capa dessa revista ficou a cargo do talentoso Monteiro Filho, grande desenhista que trabalhava com Adolfo Aizen (dono da Ebal) desde a época do Suplemento Juvenil.

Abaixo, uma montagem a cores com o desenho do Eduardo Baron que pode até ser usado como papel de parede em seu computador. Todos os desenhos que ilustram este texto, podem ser baixados em ótima resolução.

Por onde andará Floriano Hermeto?

No final dos anos 60 e início da década de 70, Guido Crepax e outros grandes autores de quadrinhos europeus eram quase inacessíveis para nós que vivíamos nesta pátria amada, idolatrada, salve, salve. Acontecia uma renovação conceitual nos quadrinhos do velho mundo e aqui, em terras tupiniquins, quase nenhuma novidade. Os personagens da Disney, os super-heróis e alguns clássicos como Fantasma, Mandrake, Recruta Zero, Nick Holmes e Cavaleiro Negro ainda dominavam as vendas em bancas. Foi quando um artista brasileiro começou a desenhar as aventuras de um personagem muito diferente nas páginas de uma certa revista da Ebal totalmente criada no Brasil. Esse artista era Floriano Hermeto, que escreveu e desenhou pouquíssimas aventuras de O Judoka, um herói brasileiro (cinco histórias, para ser exato). Floriano Hermeto era um cultuador dos quadrinhos e introduziu a linguagem gráfica inovadora de artistas como Guido Crepax, Jim Steranko e, até, Esteban Maroto. Ele foi um artista impar. Além de O Judoka, FHAF, como assinava suas histórias, realizou alguns boletins e seções informativas sobre quadrinhos de grande importância. E depois de ele deixar as páginas das revistas da Ebal, por volta de 1973, nunca mais vimos nada dele. Por isso fica aqui a pergunta: por onde andará Floriano Hermeto?

A imagem de cima é um papel de parede produzido com desenhos de FHAF extraídos de duas histórias: Gigantes de Apuarema, publicada na revista O Judoka, de março de 1971, e Irma la Douce, publicada em junho de 1971. Clique aqui para baixar mais wallpapers sobre a Ebal.
(Com colaboração de Franco de Rosa)