O traço selvagem de Joe Kubert

furiadetarzan
Tarzan
, de Edgar Rice Burroughs, teve sorte em suas adaptações para os quadrinhos. O icônico personagem quase sempre foi desenhado por artistas talentosos, como Russ Manning, John Celardo, Bob Lubbers e até Gray Morrow, só para citar alguns dos nomes que continuaram a desenvolver a mitológica figura do homem das selvas até a década de 1970. Mas em Tarzan, Joe Kubert1972, quando a National Periodical Publications (atual DC Comics) adquiriu os direitos para publicar as revistas com as aventuras do herói, Tarzan voltou ao patamar de excelência de seus lendários desenhistas iniciais, Hal Foster e Burne Hogarth.

Foi assim: Carmine Infantino, exímio desenhista e então diretor editorial da DC, chama Joe Kubert, outro lendário mestre dos pincéis, para uma reunião. Quando se encontram, Carmine, sorrindo, pergunta: “Joe, o que você acha de fazer Tarzan?”. Quem conta essa história é o próprio Kubert no texto de introdução do livro Tarzan – A Origem do Homem-Macaco e Outras Histórias, lançado pela Devir. E ele explica: “Carmine e eu nos conhecíamos desde que entramos nesse negócio. Se havia alguém que sabia do meu amor por Tarzan de Burroughs, esse alguém era ele”. E isso fica absolutamente claro em todas as histórias desenhadas e escritas pelo artista. Joe Kubert tinha uma verdadeira devoção pelo Homem-Macaco desde a época em que Foster era seu desenhista.

Tarzan, de Burne Hogarth“Naqueles desenhos belissimamente representados, mas enganosamente simples, Tarzan, o Homem-Macaco, tornara-se uma entidade viva. As figuras eram reais e intensas. E a credibilidade dos personagens e cenários transportavam um garoto morando (…) em Nova York para o misterioso mundo verdejante e vibrante da selva africana”, escreve Kubert, concluindo que “a habilidade com que Hal Foster conseguia criar aquela sensação de total realismo e credibilidade era mágica”. (ilustração ao lado)

Ao receber a incumbência de Infantino, Kubert não decepcionou. Autor de histórias repletas de emoções e traços fortes, como Sargento Rock, ou super-heróis que fugiam do padrão da época, como Gavião Negro, Kubert devolveu a Tarzan a grandiosidade do trznlutathpersonagem de Burroughs. Num trabalho de fôlego e de grande respeito pelo autor e pelo personagem, o desenhista releu todos os livros que Burroughs escreveu e estudou o material produzido por Hal Foster e Burne Hogarth nas décadas de 1920 e 30. O resultado é um conjunto de histórias que recriam o mito do herói das selvas como há muito tempo não se via nos quadrinhos. Desde a fidelidade de adaptação dos livros de Burroughs aos seus traços viscerais e modernos, Joe Kubert construiu um modelo épico para a história do Rei das Selvas dentro das histórias em quadrinhos. 

Há alguns anos, a Devir compilou essas aventuras em três álbuns fundamentais para quem ama os quadrinhos: Tarzan – A Origem do Homem-Macaco, Tarzan – A Volta do Rei das Selvas (ambos já esgotados) e Tarzan – O Homem-Leão e Outras Histórias. Eles resgatam um material precioso que já havia sido publicado pela primeira vez no Brasil pela Editora Brasil-América, de Adolfo Aizen, na Coleção Lança de Ouro – revista que publicou mensalmente, de dezembro de 1972 a novembro de 1974. A Ebal reuniu também parte desse material em dois álbuns de luxo, num formato um pouco maior do que os da Devir (abaixo à direita o primeiro: A Origem de Tarzan).

trznkubertdevirth . origemtrznebalth

Já, o primeiro álbum da Devir (acima à esquerda) traz a aventura Terra de Gigantes, na qual Kubert recria a história a partir dos desenhos de Burne Hogarth, resultando num trabalho atraente para estudiosos dos quadrinhos. Há também as quatro histórias que compõem a adaptação do primeiro livro de Burroughs sobre o personagem – Tarzan dos Macacos – além de outras três aventuras curtas. Lançado originalmente pela Dark Horse nos Estados Unidos, esses três álbuns são o resultado concreto da grande homenagem que Joe Kubert, respeitosamente, fez ao criador e seu herói mais famoso.

tarzan-joekubert-devnt

tarzankubert3

As imagens acima foram extraídas do primeiro volume, lançado pela Devir.

Abaixo, duas imagens extraídas do álbum A Origem de Tarzan, lançado pela Ebal.origtrzn-lancnt
origtrzn-janent

Sargento Rock não é moleza


Sargento Rock
 é um personagem criado pelos talentosos Robert Kanigher e Joe Kubert, cujas aventuras eram passadas durante a 2ª Grande Guerra Mundial. O personagem foi publicado pela primeira vez em 1959, apenas 14 anos depois de terminada a guerra. Em janeiro desse ano ele foi apresentado aos leitores da revista G.I. Combat #68 com o nome de “The Rock”, simplesmente. O personagem retornou três meses depois na revista  Our Army at War #81, lançada em abril. Mas foi somente na edição de junho dessa revista, no número 83, que o Sgt. Rock aparece com todas as características que o tornariam mundialmente conhecido.

Tor, uma odisséia pré-histórica

Tor, de Joe Kubert
Tor
é um personagem pouco conhecido de Joe Kubert: é um homem que vivia numa era pré-histórica bem estranha onde enfrentava inclusive dinossauros! Nos Estados Unidos chegou a ter um pequeno sucesso e foi publicado e republicado por diversas editoras, já que os direitos autorais do herói pertenciam a Kubert.

No Brasil foi um fracasso quando publicado pela Ebal, a partir de outubro de 1976, numa revista em formatinho que teve cinco edições. A ilustração acima é uma montagem com detalhes de dois desenhos publicados nos números 4 e 5 da revista.